Percebi a essência de Machu Picchu. De viagem por Cusco e pelo Vale Sagrado.
A primeira grande viagem que fiz dentro do Peru foi ao sítio mais representativo e característico deste maravilhoso país. Definitivamente, é a imagem de marca, a energia e a essência deste povo. A sensação que tenho é que a grande maior parte das pessoas associa o Peru a Machu Picchu, mas depois de umas semanas a viver em Lima, descobri que este país facilmente se promove por muito mais que Machu Picchu, há muito mais para trabalhar e aproveitar. O ceviche pode ser a cara deste país, aliás a comida. As pessoas. As diversas culturas. As ondas. Há muito, muito para explorar por aqui.
A ida a Cusco não deixava de ser obrigatória e nada melhor do que aproveitar o fim da época seca. Em novembro já começa a época das chuvas e descobrir o vale sagrado dos Incas à chuva torna-se bem mais doloroso. Cusco é a cidade colonial e talvez aquela que mais influencia teve durante a colonização espanhola. É uma cidade serrana que acolhe todos os turistas que vão de viagem ao vale sagrado, num ambiente descontraído e acolhedor. Antiga capital do império Inca, agora é boémia e encantadora. Terraços de madeira e jardins interiores, dão espaço a restaurantes feiras e mercados. A preços baratos é o melhor local para nos perdermos nas sementes, iguarias e recordações andinas.
Fui contra roteiros programados e percorri grande parte das cidades e ruínas do vale sagrado. Maras Y Moray, Pisac, Urubamba e Ollantaytambo. No regresso, fiz parte do caminho inca, para poupar o dinheiro do comboio e vi Machu Picchu por baixo, como se fosse pequeno, distante e inalcansável. Na verdade, já tinha Pago $60 pela passagem de comboio para ir até Águas Calientes (Machu Picchu Pueblo), era uma experiência que queria ter. Tive momentos únicos que são difíceis de exprimir. Subi sozinha a ruínas, vi o nascer do sol nas montanhas altas de pisac, apanhei autocarros locais, conheci a cultura serrana e dormi em vales estrelados que tornam esta viagem uma experiência marcante e inesquecível.
Apesar da grandiosidade do complexo que são as ruínas Incas de Machu Picchu, devido ao seu mediatismo e exposicão turística pensava que não ia ser o climax da minha viagem. Acreditava que não ia passar de ser um daqueles sítios que os postais e as fotografias tanto difundem e que quando o contemplamos perde a sua beleza e a sua magia. Tenho de ser honesta, superou as expectativas. Sou muito mais afectada pelas experiências e interacções locais do que pelos ícones turísticos, mas este lugar marcou. E quem me conhece sabe do que falo. É imponente, mágico e inspirador. Conta histórias milenares num cenário idílico, verde montanhoso entre dois picos que geometricamente perfeitos, Huayna Picchu y Machu Picchu a mais de 3000 metros de altitude formam o complexo. Pois é, os Incas não iam construir a sua última cidade num ambiente impróprio. Ainda me questiono como foi possível construir uma sociedade tão organizada e assente em principios e valores tão fortes há milhares de anos. Assim como, foi tão fácil destruí-la para que imperasse a fé cristã.
Pode vir mais ... quero mais.