Marcahuasi, as montanhas sagradas de Lima



Há apenas 3 dias no Peru tive a oportunidade de ir até Marcahuasi, as montanhas sagradas de Lima, Património da Humanidade. A cultura serrana do peru é super rica, uma vez que não se deixa influenciar pelo capitalismo feroz e delinquência acelerada que se sente na cidade, preservando costumes e tradições milenares. Pode-se observar rituais, trajes e sorrisos sinceros cansados do sol.  

A subida faz-se através do “pueblo de San Pedro” e está a 4000 mil metros de altura. Os autocarros para subir até este pequeno povoado são em Chosica, um destrito  a sensivelmente 2 horas do centro de Lima. A verdadeira aventura começa na caminhada. O ponto de chegada dos guerreiros dá-se na cratera do vulcão, chamado agora de anfiteatro  e demora entre 3 a 4 horas, dependendo do ritmo que cada um leva. Há também a opção de subir a cavalo, que custa aproximadamente 15  soles (4€). O caminho não está bem delineado e é fácil de se ficar perdido nas montanhas, pelo que ao anoitecer a experiência pode tornar-se um verdadeiro massacre. Na verdade, apesar de ser um ponto turístico está muito pouco explorado, mantendo o ambiente natural e selvagem característico das montanhas dos Andes. 

Um dos momentos altos da minha ida a Marcahuasi foi o inesperado ritual que observei a meio da montanha. Um grupo de serranos largou as vacas pelo montanha deixando os restantes membros a dançar e a festejar ao ritmo de uma banda. Perguntei o propósito da celebração, onde me convidaram a dançar. Depois de dançar, beber e comer percebi que estavam a festejar o mês da ‘virgen de la natividad’ e todos os sábados preparavam aquele ritual para  aumentar a fertilidade das suas vacas. O sol já se tinha posto e o caminho começava a ficar incerto, com muita pena tive de me ir embora, mas de facto a simpatia deste povo é cada vez mais marcante.

Chegada ao acampamento a temperatura começou a baixar e depois de ter a tenda montada, agasalhei-me e nunca mais de lá saí. No dia seguinte despertei-me pronta para ver as misteriosas figuras encravadas nas montanhas deixadas pela ‘cultura nasca‘ (assim o encontrei), que assumem diversas feições humanas. Sorte por ter encontrado o Sr. Wiston, um simpático habitante de San Pedro, cujo negócio é alugar cavalos e burros que prontamente me ajudou a encontrar as figuras. Com muita pena, nada está assinalado. Num cenário virgem e natural houve um povo que deixou a sua mensagem e que irá permanecer por milhares de anos. As paisagens a tal altitude absorvem a mente humana e reduzem-na à sua insignificância. É possível sentir o poder que a natureza tem sobre nós e como nos invade e limpa a alma. Um local a visitar se o destino for Lima.





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