A Malásia: Kuala Lumpur & Melaka



Depois de três anos a parar no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, este ano decidi tirar uns dias para visitar a cidade. Na verdade o meu interesse pelo Sudoeste Asiático é enorme, digo mesmo, crescente e a Malásia já fazia parte dos meus planos há algum tempo. Escolhi um hostel no centro da cidade para que me permitisse deslocar facilmente, no entanto ainda não tinha nada planeado. Aproveito para vos recomendar, caso queiram ir até Kuala Lumpur, o POD’s The Backpackers Home, a um preço acessível, com localização perfeita, os principais transportes a uma distância de 2 minutos e uma atmosfera super acolhedora. De facto, uma boa escolha. Quanto ao meu roteiro, queria ir até às famosas torres Petronas, sede da maior companhia petrolífera do sudoeste asiático, mas pouco mais sabia sobre Kuala Lumpur. Foi altura de aproveitar o voo de Bangkok para folhear o Lonely Planet e planear os meus dias. Aí percebi que apesar de capital, Kuala Lumpur é também uma das cidades mais civilizadas e desenvolvidas do sudoeste asiático que tem muito para mostrar, principalmente devido à influência das diferentes comunidades Hindu, Muçulmana e Cristã, que convivem naturalmente partilhando costumes e tradições de forma harmoniosa. Toda esta saudável mistura, faz com que a cidade, seja caracterizada por diferentes zonas. O meu percurso começou a ganhar forma e, bem à minha maneira, tinha de ter tempo para fazer tudo, incluindo ir até Melaka, a antiga Malacca dos Portugueses no século XVI, antes da invasão holandesa.

Para percorrer a metrópole os meios de transporte públicos são eficazes, baratos e sempre pontuais. Comecei a ficar surpreendida com todo este desenvolvimento e eficiência. Como é possível pensarem, os malaios, que lá na Europa a qualidade dos transportes públicos está num outro nível. Na verdade, nunca andei num comboio tão limpo aqui em Portugal ou mesmo me desloquei tão facilmente numa capital, necessitando apenas de um meio de transporte. De Kuala Lumpur Sentral, onde estava alojada, a uma caminhada de não mais que 5 minutos encontrei-me no bairro de Little India, onde se reúne a grande maior parte da comunidade Hindu, com todos os odores e cores característicos. O facto de estar em atmosfera Hindu, despertou-me o interesse de partir até aos arredores em busca das Batu Caves. O maior templo hindu da Malásia que recebe milhares de peregrinos, que todos os anos migram até à capital. Comecei a sentir a simplicidade do povo malaio e a sua simpatia. Tal como o turismo da Malásia promove, a hospitalidade é um dos pontos fortes deste povo. A melhor altura para ir ao centro cosmopolita onde estão as famosas Torres Petronas e os megalómanos centros comercias é pela noite, onde as luzes se acendem e todas as ruas ganham uma dinâmica fora do comum. Incrível ver o rápido desenvolvimento e poder económico do sudoeste Asiático por Bukit Bintang, uma das zonas mais movimentadas e agitadas da noite malaia. 


Depois de vistas as principais artérias e pontos de interesse da cidade, e surpreendida, optei por ir até à velha Melaka. O antigo porto Português, que devido à sua posição estratégica, permitia ver os barcos que passavam no caminho para a Índia. Melaka fica a três horas de Kuala Lumpur, através de autocarro e é património mundial da UNESCO. Orgulhosa por voltar a estar num local que evoca origens portuguesas, perdi-me a passear pelos mais famosos testemunhos, que mostram as memórias das aulas de história, a Porta de Santiago e a St. Pauls Church. Incrível como até a nível gastronómico os portugueses deixaram a sua marca, ainda hoje visível, principalmente no bairro Medan Portugis. Para além do testemunho deixado pelos portugueses, a cidade tem os traços arquitectónicos deixados posteriormente pelos holandeses e pelos britânicos, tornando-a muito Europeia. Tem um ambiente acolhedor, descontraído e, acima de tudo, muito agradável, onde os seus habitantes não descuram todo o esplendor da história que os caracteriza e recebem alegremente os turistas que passeiam pelas ruas oferecendo os seus serviços, como a caso dos característicos Tri Shaw, uma espécie de tuk tuk bicicleta, cheio de decoração, que segundo os seus proprietários é feita com muita dedicação. O calor era muito e a caminho da ChinaTown parei para beber um chá fresco junto ao rio e provar a deliciosa sobremesa, característica de Melaka. Adorei este conceito e senti que devia ficar a ler por uns minutos, aproveitando o facto de estar quase a voltar à boa azáfama do verão em Portugal. A ChinaTown é obrigatória e a mim surpreendeu-me pela quantidade de lojas de antiguidades e velharias, compostas por materiais maioritariamente indo-china (segundo o meu pai), cruzadas com harmoniosos restaurantes e bares, que tornam as ruas únicas. Admito que não estava à espera deste conceito original pelo sudoeste asiático. Curiosa como sou, fiquei até ao mercado que se estende pela noite fora e claro acabei por perder o autocarro de volta a Kuala Lumpur. Tudo se resolveu e acabei a dividir um táxi com três malaios. Houve conversa para as 3 horas de viagem, no qual todos estavam muito surpresos por eu, mulher, andar a viajar sozinha. Contente disse: Viajei e nunca me senti sozinha. Estou de volta cheia de experiências, cultura e novas amizades. Acreditem que acabo por me sentir mais sozinha em Portugal. Quem diria?! 

Tive pouco tempo pela Malásia, mas um dia irei voltar para explorar as suas maravilhosas ilhas. Este foi o último destino de dois meses a viajar. Agora espero sugestões e conselhos para novos destinos, assim como tempo para poder voltar  a ter dinheiro. Porque viajar, tenho a certeza que não vou parar!







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